(1 Samuel 1. 1-18)
Ana, uma jovem cheia de sonhos e planos.
Como de costume da época, conhece o seu amado e fica noiva. O
dia tão esperado das bodas chega e ela se casa com o jovem levita Elcana, e
fazem morada na cidade de Ramataim. Eles se amam e anseiam um lar com muitos
filhos. O casal segue na obediência à
lei mosaica, servindo e confiando ao mesmo DEUS de Abraão, Isaque e Jacó. Já no
primeiro ano eles fazem juntos a sua primeira viagem à Jerusalém para
participarem das festas judaicas, realizadas em Siló, onde ficava a Arca da
Aliança. Foram dias de muito regozijo e celebração. Ficariam ansiosos pelas
próximas viagens em família.
Ainda nesse ano, a expectativa do casal e de seus parentes é
em relação ao primeiro filho. Todos torcem para que ela logo engravide.
Passam-se os meses, e ela não apresenta os sintomas de gravidez que sempre
ouviu sua mãe e amigas falarem que eram comuns nos dias iniciais da gestação. Isso
começa a preocupá-la. Chega o segundo ano de casamento e eles aguardam ansiosos,
ao passo que a preocupação quanto a uma possível esterilidade de Ana aumenta. A
impossibilidade de conceber filhos era vista como uma maldição pela sociedade
da época. O pai de família ficaria sem história, sem descendência, sem
prestígio. Os anos se passam e, apesar do amor entre eles não ter sido abalado,
é necessário que pensem na honra de Elcana e, mesmo não sendo fácil para Ana, resigna-se
diante da solução encontrada. Seu amado esposo deitará com outra mulher a fim
de gerar filhos. Isso não era permitido pela lei divina, porém, a lei de outros
povos, o código de Hamurabi, dava liberdade ao homem. Foi o que fizeram. Elcana
é apresentado a uma moça chamada Penina. Seu nome significa pérola. Esta, logo
engravida e dá à luz um filho que alegra a vida do pai. Agora, nas viagens
anuais para Jerusalém Penina e seu filho acompanham Elcana e Ana.
A esperança de Ana em ser mãe jamais adormeceu. Ela confiava
que ainda carregaria o seu bebê nos braços. Os anos se passam e Penina tem
outros filhos, sendo abençoada por Deus. Ela tinha atenção na casa, mas isso
não a bastava, começou a debochar, ironizar e criar contendas com Ana, porque
sabia que mesmo não podendo gerar filhos, Elcana não deixou de amar sua primeira
esposa, e sempre a presenteava com melhores e maiores porções de tudo que
conseguia. Ana criara uma rival dentro de seu próprio lar.
Vai se aproximando o mês da festa dos Tabernáculos em Siló.
Elcana ofereceria sacrifícios ao SENHOR YAWEH. Ana está angustiada. Para ela, a
viagem será mais longa que o habitual. Ter que se deparar com tantos anos de
frustrações, tanto tempo orando e clamando a DEUS para que lhe ouça e atenda o
seu pedido, e ainda suportar as injúrias de Penina durante toda a viagem e,
certamente, quando lá chegassem, como todos os anos acontecia. Chega o dia e
eles finalmente partem para a cidade do tabernáculo. Dessa vez, Ana assenta em
seu coração um compromisso de fazer diferente, entregando ao seu DEUS as suas
últimas forças e depositando nele, com grande angústia na alma, as esperanças
que lhe restam. Penina, ao contrário, dia após dia da viagem, provocava Ana com
grande ironia, questionando sobre o que causara tal maldição a uma mulher que
se dizia tão confiante no DEUS de Abraão, vivia sempre a orar, cantar,
dedicar-se, mas jamais houvera sido ouvida. Ana abateu-se fortemente com as
provocações. Chorava muito. No dia em que chegaram a Jerusalém, não teve
vontade de se alimentar. O marido percebeu a tristeza e a indisposição da
mulher e declara-lhe o seu amor e apoio naquele momento tão difícil para ela.
Diante do tabernáculo, Ana se volta para DEUS; ao entrar
ali, ela anseia por conhecer a grandeza do SENHOR, o mesmo SENHOR, YAWEH JIREH,
o Deus Provedor, amigo de Abraão, que prometeu a Sarai um filho, sendo ela
também estéril e, no tempo certo, cumpriu a promessa, dando a ela o menino
Isaque. O mesmo poderia acontecer com ela, por isso chorava muito em oração,
pois sua alma estava amargurada.
O sacerdote estava assentado numa cadeira junto às colunas
da entrada, avista uma mulher que lhe chama a atenção, em meio a muita gente
que por ali está. Ela já estava horas chorando e não parecia que falava
qualquer palavra, apenas seus lábios se moviam. Estranhou a atitude daquela
senhora, que parecia delirando em sua embriaguez. Ele levanta-se, vai até ela e
pergunta-lhe até quando continuará embriagada, ao que Ana prontamente responde
tristemente, dizendo que não se trata de bebida, mas de profunda angústia e
dor, porém, sem mencionar a ele a causa principal de suas petições. Durante
horas Ana orara ao SENHOR DOS EXÉRCITOS para que visse a sua aflição e dela se
lembrasse, dando-lhe o tão desejado filho. Se o SENHOR assim o fizer, ela
promete dedicá-lo ao serviço da Casa de DEUS por toda a sua vida. O Sacerdote,
depois de ouvi-la, a abençoa dizendo para que ela fosse em paz e que o Deus de
Israel lhe concedesse o que pediu. Foi uma palavra poderosa de fé. O semblante
abatido agora estava mudado. Havia um renovo de esperança. Um sorriso de
certeza de que suas orações haviam sido ouvidas por DEUS.
Já no fim da tarde, de volta ao alojamento onde estavam
hospedados, Elcana percebe a alegria no rosto de sua mulher. Nada abalaria a
sua fé. Na manhã seguinte, bem cedo, eles adoram ao SENHOR e retornam para a
sua cidade, Ramataim. O amor entre eles aumenta. Semanas
depois ela nota um certo cansaço físico, alguns leves enjoos, então depressa
conta para Elcana tudo o que aconteceu quando ela estava no Tabernáculo, seu
ato de fé para com DEUS, a sua promessa feita a Ele, o diálogo com o sacerdote,
e a bênção dispensada por ele. Fala também, com lágrimas escorrendo pelo rosto,
que sabe que chegou o tempo de DEUS em sua vida. O SENHOR lhe respondeu. Agora
terá que cumprir, com muita alegria, o seu propósito. Elcana ora junto com Ana
e ambos se comprometem de, no tempo certo, fazerem conforme fora acertado.
Nos meses seguintes, o lar de Ana não foi mais o mesmo. Havia
um resplandecer de alegria e gratidão. Penina deixou de importuná-la, pois
sabia que Ana tinha ao seu favor o SENHOR DOS EXÉRCITOS pelejando por ela.
Cumprem-se os nove meses, a parteira é chamada e o choro de
Ana agora é de felicidade em saber que tanto tempo de esperança agora é uma
breve ansiedade, poucos minutos, para poder pegar em seus braços o fruto dado
por DEUS. Elcana fica à espreita por identificar o choro de menino ou menina
vindo do quarto. E então nasce um
menino. Robusto, perfeito, um varão. Recebe o nome de SAMUEL, cujo significado não
poderia ser mais apropriado, pois quer dizer “nome de Deus”.
Uma mãe amamentando um filho, presente de DEUS, que trouxe
bênção para aquela família e para todas as famílias de Israel.
Ana esperou o menino chegar aos três anos de idade e, após
desmamá-lo, foi com Elcana à Siló, no Tabernáculo, já com o jovenzinho andando
e correndo por toda parte, e se apresenta diante do sacerdote como a mulher que
há algum tempo havia sido abordada equivocadamente por ele como embriagada, mas
cujas palavras de fé romperam os céus e cujas orações foram aceitas por DEUS.
Agora ela estava lá para cumprir com a sua promessa. Entregaria o rapaz para morar
e servir ao SENHOR, com muito zelo, na Casa de Adoração. Entregaram também a
Eli, o sacerdote, um novilho de três anos, 10 quilos de farinha e vinho. Foi um
dia de muita celebração e agradecimento ao SENHOR.
O filho de Ana, Samuel, se tornou profeta e o primeiro juiz
de Israel. Desde a sua juventude DEUS falava com ele. Pela atitude de fé de uma
mulher DEUS mudou a história do povo de Israel.
A esterilidade de Ana, assim como a de Sara, era uma
providência divina para que Deus manifestasse a sua glória e poder. Ana foi agraciada com mais três filhos e duas filhas. O Senhor é fiel para cumprir para as suas promessas. Quando somos fiéis, o próprio Deus age em nosso favor e nos faz sermos vitoriosos sobre os nossos inimigos.
Os nossos problemas e frustrações, que muitas vezes não
vemos motivos para estarmos sendo afligidos, são situações que DEUS nos propõe
para testar a nossa fé. Não desista. Tenha a atitude de Ana. Persista e confie
no DEUS a quem você serve e Ele olhará para você, te ouvirá e te responderá.
DEUS VOS ABENÇOE!
(Jonas Portal)